sábado, 13 de novembro de 2010

Ciclo Bravo! de jornalismo: o pouco valorizado universo das HQ’s

Não há como negar: o pontapé inicial da vida de um leitor assíduo começa, em sua maioria, pelas histórias em quadrinhos. No Brasil, a importância desse tipo de publicação se dá com grupos de fiéis leitores dos mais diversos gêneros: os infantis de Maurício de Souza, os aventureiros da Marvel, os western italianos, os Mangas japoneses, entre tantos outros.

Dada essa dimensão, o Ciclo Bravo! de Jornalismo, em seu segundo dia, trouxe para a mesa de debates Wellington Srbek, um dos maiores pesquisadores de quadrinhos do Brasil, mediando a mesa “Literatura em Quadrinhos”. Os convidados foram Daniel Galera, roteirista, e o desenhista Rafael Coutinho. Juntos os dois estão lançando o romance Cachalote.

Muito mais do que um gênero, que infelizmente para o grande público se restringe ao infantil, as HQ’s foram debatidas pelos integrantes da mesa a fim, em parte dos discursos, de esclarecer que quadrinhos não é literatura. “Alguém diz isso porque quadrinho você pega e lê, mas não é por isso que seria literatura.”, contou Daniel. “Não se pode dizer que as HQ’s sejam literatura ou um gênero literário. São formas autônomas” completou Srbek. Rodrigo ainda falou das graphics novels, o romance contado em tiras de quadrinhos. “Esses quadrinhos mais ‘sérios’ são normalmente chamados de literatura. Mas não são. São todos HQ’s”.

Srbek comentou ainda que no Brasil os quadrinhos têm atualmente que viver de adaptações, por não terem espaço na grande mídia, com exceção de Maurício de Souza. Citadas as adaptações como forma de publicação, Rodrigo traça um paralelo entre elas e a publicação autônoma, como o seu Cachalote, bem como Daniel: “um roteiro de uma adaptação de um livro para quadrinhos não é a mesma coisa que um roteiro próprio de quadrinho. O roteirista tem que estar em sincronia com o desenhista para fazer o trabalho de maneira correta. Não é só chegar com o texto pronto e entregar ao desenhista...”.

O que existe mesmo no Brasil é um grande pré-conceito do valor das HQ’s. Diferentemente do Japão, onde os mangás são partes enraizadas da cultura de lá, em nosso país a maior parte das pessoas reconhecem somente as tirinhas de jornais, os infantis e as publicações da Marvel.

* Por Kael Ladislau

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